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quarta-feira, 18 de março de 2009

~~PRECONCEITO CONTRA A MULHER~~

VEJA VOCÊ MESMO...



Se fosse solicitado para homens e mulheres denominarem dois adjetivos ao seu sexo oposto, provavelmente alguma resposta ou mesmo a maioria delas incluiria palavras como:

Para elas: sensíveis, carinhosas; para eles: fortes, protetores. Percebe-se desde já um estereótipo de que a mulher, sendo uma “donzela” sensível, fraca e submissa precise de um homem que a proteja, que a sustente e lhe pertença. Parece ser exagero denominar tais qualidades a funções tão restritas. A mulher foi vista diante de certas culturas como a dona de casa que cuida dos filhos e que apóia o marido em qualquer situação. O homem, o “chefe” da casa, seria aquele disposto a cuidar da família e de sustentá-la da melhor forma possível. Até hoje no Brasil, os indícios desta classificação podem ser observados.
O preconceito das próprias mulheres daquela (e mesmo em alguns pontos, desta) época, ao criticar e desacreditar que pudessem ser ou fazer algo mais do que o trabalho doméstico acabava por ser o maior motivo da permanência de tal idéia. Além destas, ainda existem desigualdades maiores como a diferença salarial entre homem e mulher diante do mesmo trabalho, da falta de participação feminina na política governamental, do “perigo constante da mulher no volante”, do homem que “não serve para a cozinha”. Mesmo em pequenos comentários, piadas e pensamentos realizados pelos dois sexos, o “ideal machista” acaba por prevalecer ainda na atualidade.
Antigamente era feminismo radical acreditar que tais ações pudessem acontecer, pois geralmente a mulher que usava calças era alguém que invejava o homem e não encontrava um “lugar” para si na sociedade. Muito menos era de se imaginar que ela “dominaria o mundo” (com todo o sarcasmo). Porém, verificam-se também algumas mudanças, como a troca de atividades entre os gêneros, uma maior independência da mulher e a crescente vaidade do homem. A partir disto, o espaço conquistado pela mulher (que não deve ser comemorado porque tal espaço deveria existir desde o princípio) aumenta os olhos vistos. Acontece em razão dessas mudanças uma nova formação estrutural da família, do papel do pai, da mãe e dos próprios filhos. A visão de gênero vai sendo reformulada a cada geração, conforme o caminho traçado em busca da “igualdade”. Entrando em contradição novamente, pergunta-se: qual o problema daqueles adjetivos já citados anteriormente?
A mulher pode sim, ser uma “donzela”, pronta a esperar pelo seu protetor (seja ele homem ou mulher). Ainda existem e continuarão a existir diferenças entre os gêneros além de um cromossomo X ou Y. A mulher ainda pode ser sensível, romântica, independente, forte, assim como o homem também o pode, quando desejarem ser. São sentimentos e comportamentos humanos normais, bem ao senso comum. A luta talvez se encaminhe em torno da ultrapassagem do seguinte preconceito: de que cada um tem a sua função e que não cabe a eles mudar.
O conformismo talvez seja o principal adversário para que a tão dita “igualdade” seja conquistada, para ambos os lados.


ZANESCO
Publicado no Recanto das Letras em 27/10/2006
Código do texto: T275468

terça-feira, 17 de março de 2009

^~O Amor^^

Amor não é se envolver com a pessoa perfeita,
aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O que é Literatura?

- Literatura pode ser definida como a arte de compor ou estudar escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia; o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época; a carreira das letras. ¹


- Será que é errado dizer que literatura é aquilo que cada um de nós considera literatura?

Porque não inclui num conceito amplo e aberto de literatura, as linhas que cada um rabisque em momentos especiais? Ou aquele conto que alguém escreveu que está guardando na gaveta? Porque excluir da literatura o poema que seu amigo fez para a namorada, e só mostrou pra ela e mais ninguém? Porque não chamar de literatura a história de bruxas e bichos que de noite, à hora de dormir, sua mãe inventava pra você dormir e seus irmãos? Porque negar o nome de literatura aos poemas mimeografados que o jovem autor vende para a platéia depois do espetáculo ou numa feira rippie de domingo?

É abrir os olhos e olhar em volta, para as pilhas de livros que habitam em bibliotecas e livrarias, para os textos que contemplam distribuídos em volantes mimeografados, ou pintados a spray em alguns muros e edifícios da cidade, e remeter a eles a pergunta:

O que é literatura?

Certos livros são muito conhecidos estão a venda em qualquer livraria, todos conhecem o nome de quem os escreveu, mas então esses quase todos de uma certa classe ter lido ou pretender ler tal o qual autor. Jorge Amado, Vinicius de Moraes e Castro Alves parecem se incluir neste caso. São badalados, estudados nas escolas, citados. Os livros estão sempre recebendo convites para conferencias, noites de autógrafos, feiras de livros. Como diz Drummond:


O poeta municipal

discute com o poeta estadual

qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal

tira ouro do nariz.

(reunião)

Já outros escritores não desfrutam desta por assim dizer unanimidade. Estão em outro esquema. Seus nomes são desconhecidos, suas obras são difíceis de ser encontrada em livrarias, não consta em bibliotecas, ninguém fala deles...Sao escritores que imprimem seus livros a própria custa, e vão vende-los de porta em porta ou de mesa em mesa, em restaurantes, bares, cinemas e teatros das grandes cidades.

E ai? Com formas tão diferentes e circulação de objetos igualmente denominados literatura, será que é possível defini-la? Vamos chamar igualmente de literatura? Os romances de autores consagrados como Erico Veríssimo, e as produções quase anônimos de cantadores de feira e autores marginais.²


___________________

1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura

2- (LAJOLO, Marisa. O que é literatura? Ed. Basiliense, 8ª Edição. pág 10 e 11)



quarta-feira, 11 de março de 2009

PSICOLOGIA DA COMPOSIÇÃO

João Cabral de Melo Neto

1.
Saio de meu poema
como quem lava as mãos.

Algumas conchas tornaram-se,
que o sol da atenção
cristalizou; alguma palavra
que desabrochei, como a um pássaro.

Talvez alguma concha
dessas (ou pássaro) lembre,
côncava, o corpo do gesto
extinto que o ar já preencheu;

talvez, como a camisa
vazia, que despi.

2.
Esta folha branca
me proscreve o sonho,
me incita ao verso
nítido e preciso.

Eu me refugio
nesta praia pura
onde nada existe
em que a noite pouse.

Como não há noite
cessa toda fonte;
como não há fonte
cessa toda fuga;

como não há fuga
nada lembra o fluir
de meu tempo, ao vento
que nele sopra o tempo.

3.
Neste papel
pode teu sal
virar cinza;

pode o limão
virar pedra;
o sol da pele,
o trigo do corpo
virar cinza.

(Teme, por isso,
a jovem manhã
sobre as flores
da véspera.)

Neste papel
logo fenecem
as roxas, mornas
flores morais;
todas as fluidas
flores da pressa;
todas as úmidas
flores do sonho.

(Espera, por isso,
que a jovem manhã
te venha revelar
as flores da véspera.)

4.
O poema, com seus cavalos,
quer explodir
teu tempo claro; rompendo
seu branco fio, seu cimento
mudo e fresco.

(O descuido ficara aberto
de par em par;
um sonho passou, deixando
fiapos, logo árvores instantâneas
coagulando a preguiça.)

5.
Vivo com certas palavras,
abelhas domésticas.

Do dia aberto
(branco guarda-sol)
esses lúcidos fusos retiram
o fio de mel
(do dia que abriu
também como flor)

que na noite
(poço onde vai tombar
a aérea flor)
persistirá: louro
sabor, e ácido
contra o açúcar do podre.

6.
Não a forma encontrada
como uma concha, perdida
nos frouxos areais
como cabelos;

não a forma obtida
em lance santo ou raro,
tiro nas lebres de vidro
do invisível;

mas a forma atingida
como a ponta do novelo
que a atenção, lenta,
desenrola,

aranha; como o mais extremo
desse fio frágil, que se rompe
ao peso, sempre, das mãos
enormes.

7.
É mineral o papel
onde escrever
o verso; o verso
que é possível não fazer.

São minerais
as flores e as plantas,
as frutas, os bichos
quando em estado de palavra.

É mineral
a linha do horizonte,
nossos nomes, essas coisas
feitas de palavras.

É mineral, por fim,
qualquer livro:
que é mineral a palavra
escrita, a fria natureza

da palavra escrita.

8.
Cultivar o deserto
como um pomar às avessas.

(A árvore destila
a terra, gota a gota;
a terra completa
caiu, fruto!

Enquanto na ordem
de outro pomar
a atenção destila
palavras maduras.)

Cultivar o deserto
como um pomar às avessas:

então, nada mais
destila; evapora;
onde foi maçã
resta uma fome;

onde foi palavra
(potros ou touros
contidos) resta a severa
forma do vazio.

Fonte: Melo Neto, J. C. 1994. Obra completa: volume único. RJ, Nova Aguilar. Poema originalmente publicado em 1947. O autor dedica o poema a Antonio Rangel Bandeira, e a parte 2 a Lêdo Ivo.